29/05/09

Energia solar será 1/4 da electricidade mundial 2050

O emprego de centrais de energia solar têm potencial para gerar até um quarto da electricidade mundial em 2050, apontou um relatório feito por grupos defensores da energia solar, publicado esta semana.

O estudo foi realizado pelo grupo ambiental Greepeace, pela Associação Europeia da Electricidade Termo-Solar (ESTELA, em inglês) e pelo grupo SolarPACES, da Agência Internacional de Energia (EIA), avançou o UOL.

«As centrais de energia solar são o próximo avanço em energia renovável», afirmou Sven Teske, do Greepeace Internacional, e co-autor do relatório. A tecnologia adequa-se a zonas quentes e sem nuvens, como o deserto do Saara ou o Médio Oriente.

Através de uma combinação de espelhos para concentrar os raios do sol, a energia gerada poderá responder a «até 7% das necessidades mundiais» em 2030 e, em 2050, a «até 25%, num cenário optimista», segundo o relatório.

Os investimentos este ano na construção de centrais solares devem exceder os 2 mil milhões de euros no mundo inteiro este ano, estando as maiores instalações na Califórnia e no Sul da Espanha.

A previsão baseia-se num forte aumento dos investimentos, sendo 21 mil milhões de euros por ano até 2015, e 174 mil milhões por ano até 2050, «criando centenas de milhares de empregos». Nestas condições, as centrais terão «uma capacidade instalada de 1500 gigawatts até ao ano 2050».

A tecnologia empregue concentra energia solar através de espelhos ou lentes, reunindo raios do sol a temperaturas entre os 400 e os 1000 graus Celsius – o suficiente para alimentar uma central geradora de electricidade.

No final do ano passado, as instalações de concentração de energia no mundo tinham capacidade de apenas 430 megawatts.

25/05/09

Projecto "Óbidos Solar"


Investimento de 37 milhões em energias renováveis



O projecto “Óbidos Solar”, com investimento estimado em 37 milhões de euros, resulta do envolvimento, ao longo do último ano, do Município de Óbidos com um conjunto de empresas na área das energias renováveis. O programa tem como meta a instalação de painéis fotovoltaicos e solares térmicos para acesso à microgeração em 1500 fogos no Concelho.



O Município de Óbidos lança o projecto “Óbidos Solar” através do qual pretende apoiar os seus munícipes na adopção de soluções que visem a sustentabilidade e, consequentemente, lhes proporcione uma redução da sua factura energética, pelo uso de energias renováveis na produção de energia eléctrica e Águas Quentes Sanitárias (AQS).



Óbidos, com esta iniciativa, torna-se na primeira autarquia a desenvolver um projecto que proporciona um aumento das receitas às famílias e uma redução das suas despesas com AQS. Simultaneamente, com vista ao alcance dos objectivos delineados no âmbito do programa “Óbidos Carbono Social”, vai proporcionar uma redução das emissões de CO2 no concelho.
A apresentação pública e detalhada deste projecto será feita a 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente.

13/05/09

Dia da Terra: Parques eólicos são o rosto das novas renováveis

A eólica começou devagar mas agora produz 11 por cento da electricidade consumida no país. Um sucesso que é seguido de longe por outras formas de energia renovável.

As três enormes pás, com 39,5 metros de comprimento, aguardam, lado a lado, para ser içadas. A grua gigante está pronta e espera por uma trégua do vento para erguê-las a uma altura de 81 metros, onde serão ligadas ao eixo de rotação, lá no alto da torre de betão e aço. Dentro de dias Portugal terá a funcionar mais um parque eólico.

Se tudo correr bem, até ao fi nal desta semana os três aerogeradores do parque dos Milagres, do consórcio Eneop-Eólicas de Portugal, vão estar ligados à rede, suprindo energia limpa e renovável sufi ciente para abastecer duas mil habitações. Na paisagem semirural de Sobral de Monte Agraço – entre vinhas, aldeias e uma autoestrada, mesmo ao lado de Lisboa – vão somar-se a dezenas de outras máquinas que têm vindo a ser instaladas progressivamente na região.

Os parques eólicos são a cara das novas energias renováveis em Portugal. Até ao final do ano passado, havia já 1604 aerogeradores instalados e mais 355 em construção em todo o país, segundo o mais recente balanço feito pelo Inegi-Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial. No total, são quase 3600 megawatts (MW) de potência, o que equivale a duas centrais térmicas como a de Sines – a maior do país.

A eólica começou devagar, com os primeiros projectos comerciais no princípio dos anos 1990. Sofreu um primeiro impulso em 1995, mas o maior empurrão veio em 2001, quando o Governo fi xou uma tarifa mais favorável para quem vende electricidade produzida pelo vento. Nesse ano, a capacidade instalada em parques eólicos duplicou, chegando aos 1000 MW. Em 2007, já tinha duplicado novamente, para mais de 2000 MW.

No ano passado, a energia eólica produziu 11 por cento da electricidade consumida em Portugal. Em 2000, não ia além de 0,4 por cento.

Agora, a energia eólica está a entrar em mais uma fase adicional de optimismo. Desde 2008, Portugal passou de importador a produtor de aerogeradores, com a instalação de um cluster industrial em Viana do Castelo. “É um marco fundamental na energia eólica em Portugal”, avalia Álvaro Rodrigues, especialista do Inegi.

Incluídas no contrato do Estado com a Eneop – um consórcio que envolve a alemã Enercon e quatro empresas portuguesas (EDP, Finerge, Generg e Térmica Portuguesa) – as fábricas de Viana já produzem as torres, as pás e os geradores eléctricos que estão a ser montados, por exemplo, em Sobral de Monte Agraço.

São máquinas completamente diferentes das primeiras que foram montadas em Portugal. Um aerogerador de 1985 tinha 30 kilowatts de potência e um rotor com 15 metros de diâmetro. Hoje, as máquinas de Sobral de Monte Agraço – que nem são as maiores do mercado – têm quase 70 vezes mais potência, gerada por uma hélice com 82 metros de diâmetro, superior à envergadura de um Boeing 747.

Para transportar cada uma das pás é preciso um camião com 45 metros de comprimento, difícil de manobrar. “Para este parque, tivemos de refazer uma curva de uma estrada nacional”, conta Alexandre Gusmão, da empresa Térmica Portuguesa.

Solar e ondas com atraso

O inegável sucesso das eólicas em Portugal está a ser seguido de longe por outras formas de energia renovável. O aproveitamento da energia solar – num país de abundante insolação, para o bem e para o mal – leva anos de atraso. Só agora, com a obrigatoriedade recente de painéis solares para aquecimento em construções novas e com um sistema de empréstimos bancários lançado há meses pelo Governo, é que o mercado começa a aquecer, por enquanto ainda muito timidamente.

“Nota-se um sinal positivo: o interesse e a curiosidade das pessoas e, a montante, o facto de aparecerem empresas, seja na produção ou na comercialização, a actuar no mercado”, afirma Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Energia Solar (SPES).

Já a produção eléctrica por via solar saiu do estado zero no país mas contribui ainda com uma parte ínfi ma do consumo nacional – 0,07 por cento em 2008. Duas grandes centrais fotovoltaicas foram inauguradas no Alentejo – em Serpa e Moura. Mas Nuno Ribeiro da Silva não vê a ideia com bons olhos, dizendo que, para o solar fotovoltaico, a melhor aposta é a produção descentralizada, junto dos consumidores – por exemplo, nos próprios edifícios. “Meter as renováveis numa lógica de concentração, de monocultura de painéis fotovoltaicos, é [como uma pessoa] desperdiçar numa única jogada de casino todo o seu pecúlio”, compara.

Em alguns domínios, as renováveis fi zeram mais barulho do que trouxeram resultados. O parque das ondas da Aguçadoura, em instalação ao largo da Póvoa do Varzim, tem convalescido do seu próprio pionieirismo mundial, sucessivamente louvado. Problemas técnicos impediram-no até agora de funcionar.

Noutros tem havido avanços, mas mais silenciosos, como no aproveitamento da biomassa para produção eléctrica – que já supre três por cento do consumo do país.

Enquanto não chegam soluções efectivas para outros sectores cruciais na área da energia, especialmente nos transportes, a eólica continuará a ser o carrochefe das renováveis no país. A crise fi nanceira está a ter algum impacto, dado que um parque eólico requer um elevado investimento logo no princípio do projecto. “A crise tem dado algumas machadadas. As condições de fi nanciamento hoje não são como eram no passado”, afi rma Aníbal Fernandes, presidente da Eneop.

Mas ninguém duvida que Portugal atinja a meta dos 5100 MW de potência instalada, como fi xara o Governo, ainda que com um ligeiro atraso em relação à data inicialmente prevista: 2010. A isto somar-se-ão reforços dos parques já existentes, elevando ainda mais o parque eólico nacional. Enquanto houver vento, por aí estamos bem.

11/05/09

ENERGIE PERDE CERTIFICAÇÃO...



Empresa apadrinhada por Sócrates e Pinho perde certificação.



Menos de um mês depois, organismos certificadores europeus obrigam ao cancelamento de certificação solar.



A empresa Energie, da Póvoa de Varzim, perdeu a certificação de produtora de equipamentos solares térmicos, apurou o PÚBLICO. O laboratório alemão que tinha certificado os seus produtos retirou-lhe essa classificação, no final da semana passada, depois de um intenso debate ao longo do último mês na indústria europeia do solar térmico.




A empresa, liderada pelo presidente da Associação Comercial da Póvoa de Varzim, Luís Rocha, disse ontem "não ter conhecimento da decisão". Esta foi tomada ao nível do grupo europeu de certificadores, ao fim de quase um mês de discussão conhecida pelo sector, tendo sido veiculada informação sobre o assunto junto das entidades ligadas ao processo. A decisão da entidade certificadora alemã foi conhecida na passada quinta-feira, dia 7, segundo documento a que o PÚBLICO teve acesso.




Anulada a certificação, os equipamentos da Energie já não poderão ser classificados como "solares". A empresa - que tinha recebido a visita do primeiro-ministro e do ministro da Economia no âmbito da promoção à compra de painéis solares térmicos e tinha sido enaltecida pelo seu projecto - deixa, assim, de ter condições para aceder aos programas de apoio à instalação destes equipamentos e deixa também de ser elegível para equipar, como tal, os novos edifícios. Esta é a grande consequência a retirar da decisão tomada pelos órgãos europeus responsáveis pela certificação nesta área e que dá razão aos especialistas portugueses Eduardo Oliveira Fernandes, Manuel Collares Pereira e Manuel Ferreira dos Santos, que alertaram para a situação. Tal como o PÚBLICO revelou nas suas edições de 24 e 25 de Março passado, acusavam a empresa de confundir os consumidores vendendo sistemas de bomba de calor (anunciados como painéis solares termodinâmicos) como se de colectores solares térmicos se tratasse.




A empresa legitimava a sua pretensão baseada na certificação "Solar Keymark" que lhe fora atribuída pela Din Certco, uma entidade certificadora alemã, em 10 de Março de 2009, a mesma que agora a retirou, menos de um mês depois. Os responsáveis alemães informam agora que "a certificação Solar Keymark para sistemas solares térmicos deixou de ser válida" para a Energie.Pelo meio ficaram várias discussões ao nível do grupo de trabalho de 'standardização' e certificação da ESTIF - Federação Europeia da Indústria Solar Térmica, que acabou por recomendar, já em Abril, o cancelamento da certificação à Energie, por considerar terem sido "usados procedimentos de teste modificados" e por não ter sido seguida a norma devida para os sistemas de bomba de calor/solar.




Contudo, deixava a decisão final a cargo das entidades de certificação - seguindo um procedimento instituído de debate conjunto perante casos que suscitem dúvidas, mas que não foi inicialmente seguido com a Energie.Devido ao desenvolvimento tecnológico, e sempre que surjam dúvidas, tornou-se prática entre o reduzido universo de cinco organismos certificadores reconhecidos na União Europeia para os equipamentos solares térmicos - da qual faz parte o português Certif - a discussão conjunta dos projectos de "zona cinzenta". Esta antecede a concessão ou não da certificação para os casos que se encontram na fronteira do que pode ser ou não considerado como solar térmico. Não aconteceu neste caso.




A entidade portuguesa optou, entretanto, por não tomar parte na discussão entretanto surgida. Sem o voto português, o cancelamento da certificação da Energie foi decidido entre os outros quatro órgãos: SP Certification, da Suécia, Icim, da Itália, Elot, da Grécia e a própria Din Certco, que encomendara os testes da Energie ao laboratório ITW.




Um ponto para o qual não se encontra resposta imediata é o facto de a folha de resultados do teste, anexa ao certificado, incluir já indicações que suscitariam reservas. No certificado passado à Energie, afirma-se que "o sistema é um sistema de água quente solar doméstica no qual o circuito solar funciona com base numa bomba de calor". Também diz que o equipamento da empresa portuguesa tem um sistema eléctrico de apoio de 1,2 kW, quando um colector solar térmico corrente não precisa de mais do que 0,1 kW. Apesar disso, o certificado foi atribuído.




Embora a questão pareça iminentemente técnica, o alcance é sobretudo económico. Na parte técnica, o que está sobretudo em causa é o facto de os chamados painéis da Energie usarem a energia eléctrica não de forma subsidiária, mas como fonte principal, o que não acontece com os colectores solares térmicos. O resultado é uma expressiva factura eléctrica que os colectores solares térmicos não têm. Ou seja, quem compra um sistema como o referido a pensar que é um colector solar térmico pode ver a sua conta de electricidade aumentar em vez de diminuir.




Lado económico: conseguir que um sistema de bomba de calor seja classificado como solar térmico abre a porta a mais e novos negócios, já que a energia solar beneficia de vários incentivos fiscais e financeiros, pela Europa fora, que promovem a sua procura. A empresa já tinha sido incluída na lista de entidades autorizadas para a campanha governamental de apoio à compra de painéis solares térmicos e já tinha requerido também a sua inclusão na lista de equipamentos solares obrigatórios para os edifícios novos.




O Ministério da Economia diz "não ter informação oficial" sobre o assunto. "Se for dada, acrescenta, a situação será reanalisada".




O gabinete do ministro da Economia diz que "se receber informação oficial, a situação [da Energie] será reanalisada

05/05/09

Portugal está aquem da meta das renováveis.


Bruxelas pede ao país um esforço adicional para aumentar a componente de energia "verde"

Nem Portugal nem os 27 no seu conjunto devem conseguir atingir em 2010 o objectivo traçado pela União Europeia para as energias renováveis. Bruxelas repara no avanço, mas diz que não deve ser suficiente.


O relatório para este ano avalia o progresso feito, até ao momento, sobre as quantidades de renováveis utilizadas quer na electricidade quer nos transportes.


No ano que vem, 39% da electricidade consumida em Portugal deveria ser de origem verde. Para atingir tal objectivo, Portugal precisaria de aumentar a parcela das renováveis de 32,5% para 39%. No entanto, em 2006, apenas 31% tinham tal origem, o que quer dizer que o país não continuou o avanço antes alcançado (zero), assinala o relatório de progresso. A maior parte do esforço foi atingido, diz o documento, entre 2004 e 2006, altura em que se registou um crescendo de 2,6 pontos percentuais. "É de notar que a parcela de electricidade de origem renovável na Áustria, França, Letónia, Portugal, Roménia e Eslovénia foi inferior em 2006 do que no ano de referência", que no caso é 1997. "Por isso, estes países precisam de fazer mais para reverter a tendência negativa", refere o documento.


Já para os transportes, Portugal está bem mais próximo dos objectivos programados. Em 2010, 5,75% do combustível consumido deve ser de origem biológica.


Bruxelas queria que no ano que vem, 21% da energia consumida nos países da União fosse produzida a partir de fontes renováveis. Mas no ponto de situação que agora publica, admite que, muito provavelmente, a parcela das renováveis não deverá ultrapassar os 19%. No que respeita o combustível utilizado nos transportes, Bruxelas, pretendia que 5,75% fosse de origem ecológica, mas é possível que apenas 4% o sejam. Para o cômputo vale o biocombustível, o biodisel e o bioetanol. Em 2006, mais de metade dos países europeus estava aquém dos objectivos.


As metas europeias para as renováveis fazem parte do plano maior da Comissão de reduzir as emissões de gases com efeito estufa e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, como o petróleo.