22/04/10

Quercus avisa que excesso de consumo está a destruir o planeta


"O nosso relacionamento com o planeta Terra piorou nos últimos anos. Apesar de estarmos mais eficientes, temos cada vez mais produtos a gastar mais. A pressão sobre a Terra está a tornar-se cada vez maior", avisa Susana Fonseca, presidente da Quercus. Por isso, esta associação ambiental admite que quarenta anos depois da primeira comemoração do dia da Terra, este planeta está na mesma ou pior.

O excesso de produção e de consumo parece ser a maior das "doenças" e a que provoca o resto dos males do mundo. A Quercus aponta, até, para a iminência de um cataclismo de magnitude planetária, em que as alterações climáticas são apenas um dos sintomas.

Dados da associação ambientalista indicam que, para mantermos este nível de consumo de recursos precisamos de um planeta e meio. No caso de Portugal, o número sobe para dois planetas e meio. É como ter um frigorífico cheio de comida em casa, mas o apetite voraz exigir dois e meio para sustentar a fome.

A culpa parece ser da nossa sociedade: "É-nos passada uma imagem de consumo e de luxo, em que o valor das pessoas vem daquilo que têm e não do que são. Isto é uma atitude insustentável para quem se preocupa com questões ecológicas", diz Susana Fonseca. Uma questão de elevada importância num planeta em que três em cada quatro pessoas vivem em países em débito ecológico.

Estas são as nações que não conseguem produzir dentro das suas fronteiras os produtos que consomem, nem desfazer-se dos resíduos que produzem. "Este desrespeito pelos limites do planeta Terra acontece quando apenas mil milhões de pessoas têm uma vida abastada, mil a dois mil milhões vivem em economias de transição e cerca de três a quatro mil milhões sobrevivem com apenas alguns euros por dia", diz a responsável da Quercus.

"Quarenta anos volvidos, não temos um balanço positivo da nossa relação com o planeta Terra. Face ao conhecimento que actualmente possuímos, estamos bastante aquém", conclui a presidente.

Mas, afinal, o que é que nestes 40 anos não conseguimos alterar para mudar este cenário? Em resposta, Susana Fonseca aponta três falhas: a primeira é o excesso de produção e de consumo. "A falha maior", aponta a ecologista: "Consumimos muito mais do que aquilo que necessitamos e os indicadores que se baseiam nisto não são sustentáveis." O problema terá começado nos anos 1980 quando passamos a ter um défice de pegada ecológica. A partir daí foi sempre a piorar.

O segundo problema destes 40 anos foi o não desenvolvimento de energias renováveis. "Há muito que as conhecemos, mas ninguém investe nelas", frisa Susana Fonseca, que lamenta que a crise de petróleo de 1973 não tenha ensinado nada acerca dos problemas deste combustível fóssil.

Em terceiro vem a falta de educação ambiental, uma questão que se estende a toda a gente, inclusive aqueles que têm as rédeas do mundo: "O que me espanta é que haja um consenso sobre as alterações climáticas, mas que ninguém tenha tido a coragem para que se assine um protocolo", critica. Para a Quercus, é preciso que as pessoas saibam viver com o planeta, "sem serem agressivos".

"É preciso formar pessoas, principalmente os líderes, antes que fiquemos sem recursos. O grande problema é que estivemos estes anos todos sem ligar nada ao planeta e agora temos de aprender rapidamente como tratar dele", acrescenta Susana Fonseca.

Passados 40 anos, o cenário não é famoso, por isso a ecologista espera que quando chegarmos aos 50 anos do dia da Terra, estes três problemas estejam resolvidos: "Isto sendo bastante optimista."


Dia da Terra

Consumo e produção de resíduos 70% acima da capacidade do planeta pode originar um cataclismo, lembra a Quercus, no Dia Mundial da Terra.

Quatro décadas após o início da celebração do Dia da Terra faz-se ainda muito pouco por respeitar os limites da sustentabilidade do Planeta, lamentam os ambientalistas.

Os dados mais recentes apontam para que a civilização humana esteja "prestes a causar um cataclismo de magnitude planetária, de que as alterações climáticas são apenas um dos sintomas", refere a associação ambientalista Quercus.

Actualmente, a produção e consumo a nível global excede em 40% a capacidade de carga do planeta, pelo que seriam necessários 1,4 planetas para suprir as necessidades da população mundial, que ronda os sete mil milhões de pessoas.

Mais de três quartos da população não consegue produzir dentro das suas fronteiras os recursos que consome, nem desfazer-se dos resíduos que produz.

"Este desrespeito pelos limites do planeta Terra acontece quando apenas mil milhões de pessoas têm uma vida abastada, mil a dois mil milhões vivem em economias de transição e cerca de três a quatro mil milhões sobrevivem com apenas alguns euros por dia", sublinha, ainda, a associação.

19/04/10


A RENEXPO Portugal – Feira e Conferência Internacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética – será o primeiro evento RENEXPO®, integrado e completo, exclusivamente dedicado ao sector, a ser realizado em Portugal.



Com um espaço de exposição/feira associado a várias conferências, este evento, que cobre todos os domínios relacionados com as Energias Renováveis e Eficiência Energética, foi concebido para ser uma referência, como plataforma informativa e de negócios orientada para o espaço ibérico e Países Lusófonos.

Na RENEXPO® Portugal, os visitantes encontrar-se-ão em contacto directo com os produtos, serviços, tecnologias, projectos e as mais recentes inovações na área das Energias Renováveis e Eficiência Energética.

Proporcionará às empresas participantes um espaço privilegiado para captarem novos clientes, expandirem as suas redes de contactos e descobrirem novas oportunidades e mercados.

As conferências, organizadas em parceria com as mais importantes associações do sector
, serão um ponto de encontro entre investigadores e especialistas, empresários, investidores e decisores políticos, no qual serão discutidos os desafios e oportunidades que se apresentam ao sector.

Energias renováveis permitirão redução de 90% das emissões de CO2 em 40 anos

O sector das energias renováveis poderá empregar mais de seis milhões pessoas na União Europeia (UE) em 2050 e permitir uma redução das emissões de dióxido de carbono em cerca de 90%. As conclusões são de Rethinking 2050: A 100% Renewable Energy for the European Union (Repensar 2050: Uma Energia 100% Renovável para a UE), um estudo do Conselho Europeu de Energias Renováveis que na semana passada foi apresentado pela eurodeputada Maria da Graça Carvalho, em Bruxelas.

No que respeita ao ambiente, o estudo demonstra que a redução de CO2 poderá ser de 30% em 2020, de 50% em 2030 e 90% em 2050. Isto por comparação aos níveis registados em 1990.

Quanto ao emprego, o documento prevê que as energias renováveis empreguem 2,7 milhões de pessoas em 2020, 4,4 milhões em 2030 e 6,1 milhões, em 2050. Em 2009, trabalhavam neste sector apenas 550 mil pessoas na UE.

Pedro Pinto e Sérgio Monteiro pensam que este é, de facto, um negócio com futuro e, por isso, montaram já em conjunto uma empresa que presta serviços de energia: produção solar térmica, fotovoltaica, biomassa, eólica, estudos de eficiência energética e redução do consumo de água. "O nosso alvo é o público em geral, desde o residencial ao empresarial", explicou ao DN Pedro, um dos 12 alunos do mestrado em Gestão de Energia do Instituto Superior de Gestão que na semana passada participaram numa conferência sobre energia na capital belga.

Mas, para que os clientes apareçam mais, é preciso criar maior consciencialização da necessidade de ter nas instituições um profissional que faça uma gestão eficiente da energia, lembrou, ao DN, o professor Luís Alves, do Instituto Superior Técnico, que é um dos coordenadores deste mestrado. "Não há consciência da importância da energia eficiente por parte do sector produtivo. A indústria da panificação, por exemplo, o que faz é incluir no custo final do produto os gastos com a energia e acha que não é necessário gerir eficientemente a energia. Mas é preciso que as pessoas vejam que todos os recursos são esgotáveis."

A redução do uso de energias fósseis, diz o estudo daquele think tank europeu, vai permitir à UE poupar 158 mil milhões de euros em 2020, 325 mil milhões de euros em 2030 e 1,9 biliões em 2050. Mas para ter os benefícios seria preciso fazer primeiro os investimentos, o que parece menos fácil em tempos de crise e de sérias dificuldades na negociação de um acordo mundial sobre a redução de emissões de CO2, que substitua o Protocolo de Quioto no dia 1 de Janeiro de 2013.



Igreja fala de ecologia


O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, defendeu ontem, sexta-feira, na homilia do Dia Mundial da Paz, na paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Oeiras, "uma profunda revolução cultural e civilizacional" para que a Humanidade reencontre a justiça e a paz.

"A Humanidade está, como nunca, perante o desafio de renovação de civilização", afirmou o cardeal patriarca. D. Policarpo dirigiu as suas palavras para os "grandes problemas" que, numa época de globalização, "são comuns a toda a família humana, como o são, por exemplo, a salvaguarda do planeta Terra, a casa onde habitamos, a construção da paz, a vitória contra a violência, a promoção da justiça, de modo particular nos sistemas económico-financeiros e sociais". E, se os problemas são globais, também as soluções terão de o ser, considerou, referindo que a opinião pública tem sido mobilizada na atenção a problemas específicos: "a crise económica, a violência crescente, a eficácia do sistema judicial, a corrupção, a luta contra a degradação do ambiente".

Também o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, usou a homilia da missa de Ano Novo para manifestar preocupação com as questões ecológicas do planeta Terra. "Num país como o nosso, mal conseguimos imaginar facilmente o que era a precariedade das vidas e o sobressalto dos dias, ainda há poucas gerações", continuou D. Manuel Clemente, que recordou "a altíssima mortalidade infantil, a pouca defesa contra qualquer infecção ou contágio e as resumidas práticas higiénicas".

D. José da Cruz Policarpo lembrou que estes problemas estão interligados, sendo causa-efeito uns dos outros. "Administrar a justiça numa sociedade em que as pessoas e as instituições não procuram ser justas é tarefa árdua e complexa", defendeu o dignitário da Igreja Católica.


João Garcia, conquista os céus


Eram 13.30 horas no Nepal (8.45 em Portugal) quando João Garcia atingiu os 8091 metros de altitude do Monte Annapurna, o último dos 14 cimos com mais de 8000 metros conquistado pelo alpinista. Aos 43 anos, transforma-se no primeiro português a conseguir o feito. E o décimo homem no Mundo. Terminou precisamente na primeira montanha acima dos 8000 metros alguma vez escalada, nos idos anos de 1950.
O alpinista português - que se apaixonou pela escalada aos 15 anos, numa simples viagem à Serra da Estrela - mereceu já o reconhecimento público do presidente do BCP, patrocinador da conquista dos "14 mais de 8000". "Foi um projecto que durou anos" e foi "fonte de inspiração para muitos".