23/11/09



Concentração de gases com efeito de estufa aproxima-se do pior cenário

A concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera está a atingir os níveis do cenário mais pessimista elaborado pelos cientistas, avisou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a três semanas do início da cimeira de Copenhaga para negociar o sucessor do Tratado de Quioto.

A concentração de dióxido de carbono (CO2) em 2008 era de 385,2 partes por milhão (ppm), com um aumento de 2 ppm em relação ao ano anterior, continuando uma tendência de aumento exponencial", diz um comunicado de imprensa da OMM.

“As notícias não são nada boas: a concentração de gases com efeito de estufa continua a aumentar, e a um ritmo até um pouco mais rápido”, disse o secretário-geral desta agência das Nações Unidas, Michel Jarraud, citado pela AFP.

A concentração de dióxido de carbono (CO2), que é o principal gás com efeito de estufa e com relação directa com a actividade humana, aumentou 38 por cento desde 1750, quando se iniciou a Revolução Industrial. Contribui em 63,5 por cento para o aumento do efeito de estufa na atmosfera mas, segundo as medições da OMM, nos últimos cinco anos essa contribuição passou para 86 por cento.

“É preciso agir o mais rapidamente possível”, disse Jarraud. “Estamos a aproximar-nos do cenário mais pessimista dos traçados pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Governamentais”, o grupo de peritos que trabalha sob a alçada das Nações Unidas para recolher e analisar tudo o que os cientistas conseguem saber sobre o aquecimento global, para fazer documentos de síntese, para apresentar aos políticos mundiais.

O metano, cuja concentração na atmosfera permaneceu estável de 1999 a 2006, “aumentou claramente em 2007 e 2008”, embora não estejam claramente determinadas as causas desse aumento. Mas é certo que 60 por cento das emissões deste poderoso gás com efeito de estufa são de origem humana (por exemplo, devido à criação de gado ruminante, ou à exploração de combustíveis fósseis).

Por outro lado, enquanto os gases que danificam a camada de ozono (os chamados CFC, sigla de clorofluorcarbonetos) vão diminuindo lentamente na atmosfera, depois do seu uso ter sido banido pelo Tratado de Montreal, vai aumentando a concentração dos gases que os substituíram – e que fazem aumentar o efeito de estufa. Estes contribuíram em 8,9 por cento para o fazer crescer, entre 2003 e 2008.

19/11/09

Vaticano na luta pelo meio ambiente.




E então, fez-se a luz... e foi fornecida pelo sol. O Vaticano ativou nesta quarta-feira um novo sistema de energia solar e anunciou um ambicioso plano que pode torná-lo um dia um exportador de energia alternativa.




O amplo telhado do Salão Nervi, onde os papas realizam audiências gerais e onde ocorrem concertos de música, foi coberto com 2.400 painéis fotovoltaicos que fornecem energia para a iluminação, o aquecimento e o sistema de ar condicionado.




Após semanas de testes, o sistema foi ligado com potência máxima horas antes de o papa Bento XVI realizar o que foi chamado de "primeira audiência geral ecológica do Vaticano".




O novo sistema sobre o teto de 5 mil metros quadrados produzirá 300 quilowatt/hora de energia limpa ao ano para o salão de audiências e para os prédios ao redor.




O sistema, que custou 1,2 milhão de euros e foi desenvolvido e doado pelas empresas alemãs SolarWorld e SMA Solar Technology, permitirá que a cidade-Estado reduza as emissões de dióxido de carbono em cerca de 225 toneladas e poupe o equivalente o equivalente a 80 toneladas de petróleo por ano.




"É uma iniciativa muito corajosa", disse Carlo Rubbia, italiano que em 1984 ganhou o prêmio Nobel de Física e que compareceu à cerimônia de divulgação no Vaticano.




"O sol produz 100 mil vezes mais energia do que as fontes tradicionais de energia da Terra. É por isso que precisamos de tanta ciência, tanto investimento em pesquisa para o futuro", acrescentou Rubbia.




O cardeal Giovanni Lajolo, governador da Cidade do Vaticano, disse que o Vaticano está pensando em um projeto muito mais ambicioso em um grande terreno que possui ao norte de Roma e que é usado como centro de transmissão para a rádio do Vaticano.




"Estamos pensando em um sistema de energia solar com 300 hectares nesse lugar", afirmou.




Autoridades disseram que o Vaticano planeja produzir 20 por cento de sua necessidade energética a partir de fontes renováveis até 2020, em linha com uma proposta da União Européia.

14/11/09




Energia "verde" abasteca base na Antártida


A base belga “Princesa Elisabeth” no leste da Antártida funciona com energia solar e eólica. Os criadores do projecto, lançado no domingo, acreditam que a construção da base vai ajudar a combater o cepticismo dos que questionam a viabilidade das energias “verdes”.

Segundo os criadores, as energias renováveis são viáveis, mesmo nos lugares mais frios e remotos do planeta. Esta é a mensagem que os implusionadores da primeira base científica na Antartida pretendem passar ao Mundo.

"Se podemos construir uma base com estas características na Antártida, também podemos faze-lo em qualquer outro lugar do Mundo. Temos a capacidade, a tecnologia e o conhecimento para mudar o Mundo”, disse Alain Hubert, director do projecto pioneiro, na cerimónia de abertura.

O aquecimento global, provocado pelas emissões de gases, levou os governos a tentarem encontrar alternativas nas novas fontes de energia. Estas energias renováveis começaram a implantar-se na Antártida com a instalação de painéis solares e moinhos eólicos no meio do frio e da escuridão do Inverno polar, o que se traduziu num enorme desafio, segundo os responsáveis.

A base "verde" levou dois anos a ser construída e aplica micro-organismos que permitem a reutilização das águas residuais provenientes dos chuveiros e das instalações sanitárias até cinco vezes. Além disso, foram instalados moinhos eólicos nas proximidades da montanha de Utstein e painéis na estrutura do edifício, para assegurar o abastecimento energético e de água quente. Mesmo o desenho geométrico da janela da base foi pensado para conservar energia.

Os cientistas estão a analisar o fenómeno do aquecimento global e prevêm que o aumento das temperaturas pode levar à aceleração do degelo da Antártida, originando um aumento alarmante do nível do mar, ameaçando a submersão de muitas zonas costeiras.

Jean-Pascal van Ypersele, Vice-Presidente do Painel de Peritos das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (IPCC), disse na cerimónia de abertura que se não forem reduzidas as emissões poluentes entre 50 e 85%, ainda neste século, as consequências vão ser catastróficas.

"A nível global, estamos numa situação em que a Terra já não se encontrava há cerca de três milhões de anos", disse Ypersele.

Thomas Leysen, o chefe da empresa belga Umicore, que produz catalisadores para reduzir as emissões poluentes nos veículos, disse que a protecção do ambiente é a melhor estratégia empresarial. "A crise económica mundial é o resultado dos comportamentos insustentáveis. Não podemos tratar o planeta de forma insustentável, porque nesse caso vamos ficar numa crise ainda mais grave do que a financeira”.

12/11/09

A diversificação energética deve ser "a palavra de ordem" para o actual panorama nacional, defendeu António Comprido, da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO).

Na sua intervenção no VIII Fórum Energia, no painel "Segurança e Independência Energéticas: os desafios para as empresas portuguesas", a decorrer esta manhã, o responsável admitiu que "não há substituto para o actual "mix" de energia", que se baseia em combustíveis fósseis, como o petróleo mas realçou a importância crescente do gás natural e das energias renováveis.

"Só assim é possível melhorar a segurança e a independência, embora a meu ver a segurança seja mais importante", concluiu.

Também José Manuel Perdigoto, director-geral da Direcção Geral de Energia, apontou a importância das novas formas de energia, mais limpas, dando como exemplo a aposta nacional no gás natural, "através da construção de centrais para a produção de electricidade". O responsável da entidade governamental lembrou que "Portugal tem um plano nacional de acção para a eficiência energética, que tem como objectivo reduzir a dependência em 10% até 2015."

11/11/09

O investimento global para os programas relacionados com centrais hídricas, eólicas e centrais de ciclo combinado atinge os 16 mil milhões de euros, lembrou Pedro Neves Ferreira, director de planeamento estratégico da EDP.

"A dependência energética será reduzida para cerca de 42%", especificou o mesmo responsável na sua intervenção no VIII Fórum Energia do Diário Económico.

Ao Económico, à margem do evento, Pedro Neves Ferreira especificou que, destes 16 mil milhões de euros de investimento em curso, só cerca de 2,5 mil milhões "ainda estão por fazer", relacionados com energia hídrica. Neves Ferreira não quis especificar qual o valor de investimento da EDP neste bolo mas referiu que a eléctrica é responsável por grande parte dos gastos.

"O plano de investimento da EDP de 12 mil milhões de euros até 2012 está em curso. Desde valor, três quartos são para renováveis, sendo que grande parte é em eólicas, sobretudo fora de Portugal", afirmou.

O responsável lembrou que é preciso definir uma política de "remuneração adequada" para estes investimentos em novos equipamentos. Neves Ferreira deu como exemplo o carro eléctrico, uma tecnologia que, até 2050, ainda se vai desenvolver. "O carro eléctrico deverá conseguir reduzir as emissões de carbono de cerca de 90% para cerca de 68%", adiantou.

06/11/09

Vento já produz 13% do consumo energético nacional


Capacidade instalada em Portugal vai crescer 65% nos próximos quatro anos, atingindo 5400 MW em 2013. Actualmente, a cada hora de energia consumida em Portugal, oito minutos já são produzidos nos diversos parques eólicos do País, que já ocupa o terceiro lugar no ranking europeu de produção de energia eólica


A energia eólica representa hoje já 13% do total do consumo energético do País. As previsões apontam, porém, para que a potência instalada alcance um crescimento de 65% nos próximos quatro anos.


"Em cada hora de energia consumida em Portugal, oito minutos são produzidos nos diversos parques eólicos", revela António Sá Costa, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APER), que participou em Almodôvar num debate sobre alternativas energéticas.


Segundo apurou o DN, Portugal tem actualmente uma potência instalada de 3400 megawatts (MW), que será progressivamente aumentada nos próximos anos, até atingir os 5400 MW em 2013. Números que, em termos relativos, colocam o País no topo dos países europeus na produção de energia eólica.


"No total das renováveis, que já representam 43% do nosso consumo energético, apenas temos à nossa frente a Suécia e a Áustria. No caso da eólica, estamos a lutar com a Espanha pelo segundo lugar, atrás da Dinamarca", revela António Sá Costa.


O crescimento exponencial do sector está a ser feito por conta dos dois consórcios que venceram o concurso público para a energia eólica: Eneop (co-liderado pela EDP e pela Enercom) e Ventinvest (que reúne a Galp e a Martifer, entre outras empresas).


A Eneop prevê investir 1,7 mil milhões de euros em 48 parques repartidos por todo o território nacional, o que lhe permitirá ficar com capacidade para produzir 1200 MW. Por seu turno, o projecto da Ventinvest envolve um investimento de 636 milhões de euros, em oito parques, que permitirão produzir 400 MW.


Os projectos englobam ainda a criação de unidades industriais como a de Viana do Castelo, com cinco fábricas para a produção integral de um novo modelo de aerogeradores.


Segundo Lobo Gonçalves, administrador da Enernova, empresa participada da EDP Renováveis e responsável pelo Parque Eólico de Almodôvar, o "grande crescimento" das renováveis contribui para baixar a factura energética do País. "É uma energia não poluente e que aproveita um recurso endógeno. Ou seja, tem vantagens em termos ambientais e, ao reduzir a importação de combustíveis fósseis, reduz o peso das importações", explicou Lobo Gonçalves.


A funcionar em exploração plena desde Dezembro do ano passado, o Parque Eólico de Almodôvar, o maior no Sul do País, é composto por 13 aerogeradores espalhados por 94 hectares, na serra do Mu. Com uma potência instalada de 26 MW, este parque eólico representou um investimento de 35 milhões de euros. Ainda de acordo com Lobo Gonçalves, a produção à potência máxima só deverá acontecer em 2010, quando forem concluídas as ligações à rede. Nessa altura, será produzida energia suficiente para abastecer um aglomerado populacional com aproximadamente 28 mil habitantes, assegura o mesmo responsável. Isto para além de poupar 40 mil toneladas de emissões de gases com efeito de estufa (CO2), em comparação com uma produção equivalente a partir de combustíveis fósseis.


Uma das inovações deste parque prende-se com o facto de as torres de suporte com 65 metros de altura terem sido construídas em betão, contrariamente ao que sucede na generalidade dos países europeus onde são feitas em aço. A durabilidade e uma maior resistência, o que permite uma altura mais elevada e um melhor aproveitamento do vento, foram factores que influenciaram a decisão final.


03/11/09

Copenhague


Começou nesta segunda-feira, 02, em Barcelona, a última rodada de negociações do novo acordo climático, cuja a aprovação é esperada para ocorrer em dezembro, durante a reunião das Nações Unidas em Copenhague.

O encontro abriga grandes expectativas pois daqui podem sair as diretrizes para o estabelecimento de metas ambiciosas para a redução de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, há tensões no ar, uma vez que se as conversas não terminarem bem até sexta-feira diminuem muito as chance de que Copenhague seja um sucesso.


“As conversas em Barcelona precisam progredir e colocar fundações sólidas para o sucesso em Copenhague. Nós temos apenas cinco dias para conseguir isso, cinco dias para detalhar as propostas e finalizar os textos. Mas estou convencido que isso pode ser feito”, afirmou o secretário da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, na primeira coletiva de imprensa do encontro.

Activista do Greenpeace subiram na famosa igreja de Barcelona para pregar um banner pedidndo "Salvação ao clima"

As opções que estão na mesa são metas que variam entre 25% e 40% de reduções de gases de efeito estufa até 2020 sobre os níveis de 1990 . A União Européia, que já assumiu por conta própria um compromisso de 20%, se compromete a elevar sua proposta para 30%, se outros países desenvolvidos embarcarem. O Japão já dá sinais que pode fazê-lo, mas a grande dúvida continua sendo os Estados Unidos. A gestão Obama espera ainda uma decisão do Senado americano sobre a lei do clima para apresentar propostas formais nas negociações da ONU. Até o momento, o presidente dos EUA apenas fala em metas ambiciosas para 2050, muito além do que parece razoável a estudiosos do aquecimento global.

Brasil na berlinda.


O outro nó que deve exigir esforço dos negociadores em Barcelona é o tamanho (além da natureza) do compromisso que economias emergentes, como Brasil e China, terão no novo acordo climático. O governo brasileiro tem sido visto com um facilitador importante nas discussões. Os sinais dados por Lula de que o país aceitará uma meta de redução de gases de efeito estufa foram bem recebidos por delegações dos EUA e UE.

No entanto, em coletiva convocada nesta segunda, diversas ONGs brasileiras, apontaram contradições no comportamento da gestão Lula. A palavra usada por alguns ativistas é de que há “esquizofrenia” no comportamento brasileiro, pois de um lado fala-se em reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% até 2020, mas por outro há apoio a projetos de lei no Congresso Nacional que podem simplesmente picotar o Código Florestal. “Lula tem que evitar um desastre interno“, pontuou Paulo Adário, do Greenpeace.

Nesta terça-feira, o presidente se reunirá com seus ministros de Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia para definir a meta brasileira em Copenhague. De acordo com informações obtidas pelo jornal Folha de São Paulo, o governo deve aprovar uma redução de 26% sobre as emissões de 2005 ao invés dos 40% originalmente propostos pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “Dependendo de sua decisão, Lula tem a chance de se tornar um herói ou um vilão em Copenhague”, disse Gaines Campbell, da não governamental Vitae Civillis.