26/10/10

CURIOSIDADES: Lesma-do-mar é movida a energia solar

Fingem ser como as plantas, caso raro entre os animais. Podem ser tão boas ou até melhores do que as algas a usar a luz do Sol na obtenção do seu alimento - como agora descobriu uma equipa de biólogos portugueses.

Até há pouco tempo, não se sabia como as fábricas de energia das plantas se mantinham em funcionamento dentro das lesmas. "Estes animais conseguem não só pôr os cloroplastos dentro das suas células - o que já é impressionante -, como pô-los a funcionar", sublinha Bruno Jesus.
Como é isto possível?
Nas plantas, os cloroplastos estão sob o comando de genes que se encontram no núcleo das células vegetais. Mas, uma vez ingeridos pelas lesmas, como é que são postos a trabalhar?

O mistério foi esclarecido de vez em 2008, por uma equipa norte-americana, que encontrou genes do núcleo celular de uma alga... dentro do núcleo das células de uma lesma-do-mar. Afinal, ao longo da evolução, alguns genes do núcleo celular das algas tinham sido transferidos para o das lesmas. Este tipo de transferência de genes já era conhecido entre bactérias - "mas não entre um animal e uma planta", sublinha Gonçalo Calado. "Isto foi uma grande inovação."

É por esta razão que as lesmas-do-mar são únicas entre os animais, e não por fazerem fotossíntese. Embora seja raro, conhecem-se outros animais fotossintéticos, como certos corais, que vivem associados a uma microalga (também de uma só célula). A diferença é que esses corais introduzem no seu interior a alga inteira, e não apenas as suas fábricas de energia. "O que é único neste grupo de lesmas-do-mar é que apenas incorporam os cloroplastos nas suas células. E, para funcionarem, têm de ter informação vinda do núcleo do animal, pois deixaram de ter o núcleo da alga", frisa Gonçalo Calado. "Isso é que é único."

Compreender como um sistema celular vegetal consegue funcionar dentro de um animal é um dos motivos por que os cientistas se sentem tão fascinados pelas lesmas-do-mar. "Já quebraram muitas das barreiras cognitivas que tínhamos na cabeça", diz Gonçalo Calado.

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